Por que Repetimos os Mesmos Padrões em Relacionamentos Amorosos?

Esse texto fala sobre como, muitas vezes, repetimos padrões afetivos sem perceber — e por quê. Relacionamentos amorosos podem se tornar uma forma inconsciente de tentar resolver dores antigas, de reviver traumas ou de buscar, de forma disfarçada, aquilo que nos faltou. Neste post, compartilho três causas inconscientes que nos levam a essa repetição e como a psicanálise pode ajudar a compreender e transformar isso.

Paloma O. Anaya

8/12/20251 min read

Às vezes, parece que estamos sempre esbarrando no mesmo tipo de relacionamento — como se, por mais que a gente tente, acabasse voltando ao ponto de partida.
Isso não acontece por acaso. Na psicanálise, entendemos que a repetição de padrões amorosos pode ter raízes profundas no inconsciente, funcionando como uma tentativa (quase sempre frustrada) de resolver algo que ficou em aberto dentro de nós.

Existem muitas explicações possíveis, mas hoje quero compartilhar três causas inconscientes bastante comuns que podem estar por trás dessa repetição:

1. Satisfazer impulsos reprimidos de forma indireta
Todos nós carregamos desejos e impulsos que não combinam com a imagem que temos de nós mesmos. Como encará-los de frente seria doloroso demais, acabamos satisfazendo-os de maneira disfarçada — e, muitas vezes, isso se manifesta na escolha de parceiros e no modo como nos relacionamos.

2. A esperança de preencher uma falta antiga
Às vezes, buscamos na repetição uma recompensa emocional que acreditamos que vai compensar um sofrimento psíquico. Por exemplo, quem não foi validado na infância pode se envolver com pessoas que parecem oferecer justamente essa validação. A fantasia é: “dessa vez, vou receber o que me faltou”.

3. A tentativa de “reparar” um trauma
Sim, é possível repetir um trauma. Só chamamos algo de trauma quando ele foi tão insuportável que não conseguimos lidar com ele no momento em que aconteceu — especialmente na infância, quando nossos recursos psíquicos ainda são limitados. Inconscientemente, recriamos a situação traumática em um novo contexto, na esperança de que, desta vez, consigamos elaborar e compreender o que foi vivido.

Na terapia psicanalítica, trocamos a repetição pela palavra. É na escuta, na interpretação e no vínculo terapêutico que abrimos caminho para realmente compreender e transformar aquilo que, até então, parecia nos prender aos mesmos roteiros de sempre.