Você sente ciúmes? Freud explica
Você sente ciúmes? Mesmo quando negamos, o ciúme pode se manifestar de formas sutis ou intensas — e muitas vezes, ele fala mais sobre nós do que sobre o outro. Neste artigo, você vai entender os três tipos de ciúmes segundo Freud: o ciúme normal, o ciúme projetado e o ciúme delirante
Paloma O. Anaya
7/1/20252 min read


Quando o Ciúme Bate à Porta
Você já sentiu ciúmes?
Talvez sim, talvez não — ou talvez esteja tentando negar até para si mesmo(a). Mas Freud já dizia: tudo que reprimimos acaba voltando... e muitas vezes, nos domina.
O ciúme é um sentimento comum, mas nem sempre aparece da mesma forma. Em 1922, Freud descreveu três tipos diferentes de ciúmes — e entender essas nuances pode ser libertador.
Vamos imaginar a Clara.
Ela está em um relacionamento com Leo. Um dia, ela vê algo simples: uma curtida dele numa foto, uma troca de olhares no ambiente de trabalho, um pouco mais de distância do que o habitual.
Esse pequeno gesto mexe com algo dentro dela — e, a partir disso, Clara poderia reagir de três formas diferentes
1. Ciúme normal:
Clara sente um incômodo no peito. Vem a insegurança:
"Será que estou perdendo Leo? Será que não sou mais suficiente?"
Ela reconhece que ama, que teme perder, e que não é tudo para ele — assim como ele não é tudo para ela. Clara sente um certo desconforto, pensa em quem poderia ser a “ameaça” e até se pergunta o que poderia fazer diferente.
Esse tipo de ciúme, embora doloroso, ainda está ligado à realidade e pode abrir caminhos para conversas e crescimento. É uma dor que revela que há amor… e também limites humanos.
2. Ciúme projetado:
Dessa vez, Clara reage com acusações:
"Você está me traindo. Sei que está!"
Mas a verdade é que ela mesma vem alimentando fantasias e desejos que não consegue admitir. Ao projetar em Leo aquilo que está dentro dela e que não consegue ver com clareza, ela protege a própria imagem.
A raiva e a desconfiança servem para afastar a culpa. O problema é que esse tipo de ciúme confunde ainda mais, e mina a confiança — sem base real.
3. Ciúme delirante:
Agora, Clara tem certeza. Ela não apenas suspeita: ela constrói uma história inteira para justificar sua convicção:
"É com aquela colega. Eu sei. Você está mentindo pra mim."
Esse tipo de ciúme ultrapassa os limites da dúvida. Não há abertura para diálogo. Toda a narrativa serve para encobrir algo mais profundo: desejos inconscientes, muitas vezes inaceitáveis para ela. Inclusive, pode haver aqui uma negação de desejos dela, que são deslocados para o parceiro.
O ciúme deixa de ser emoção e se torna delírio
E agora?
Clara poderia ser qualquer um de nós.
Todos nós temos nossas formas de lidar com o medo da perda, com a insegurança e com os desejos que não sabemos nomear.
O problema não é sentir. O problema é não reconhecer.
O que reprimimos, cedo ou tarde, nos aprisiona.
A terapia pode ser o lugar onde você começa a ouvir com mais cuidado o que sente.
Onde o ciúme deixa de ser só dor e vira caminho de autoconhecimento.
Se quiser esse espaço, estou por aqui.
